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Healthy Skepticism Library item: 19719

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Publication type: news

Estratégias de marketing da indústria farmacêutica e a venda de medicamentos
Institudo Salas 2011 Dec 2
http://www.institutosalus.com/colunistas/luciane-anita-savi/estrategias-de-marketing-da-industria-farmaceutica-e-a-venda-de-medicamentos


Abstract:

Como funcionam algumas estratégias de marketing utilizadas pela indústria farmacêutica para incrementar a venda de medicamentos.


Full text:

A legitimação do uso de um medicamento está ligada à credibilidade das pesquisas científicas nele envolvidas. Isso é fato. Porém, em inúmeros casos, a necessidade de se dar credibilidade a resultados de pesquisas de interesse econômico tem impulsionado investimentos da indústria farmacêutica em pseudo-pesquisas. Essas “pesquisas” tratam-se, na verdade, de estratégicas de marketing. Elas, em geral, apresentam metodologia deliberadamente enviesada para fortalecer a posição comercial de determinado medicamento, com resultados que “comprovam” o que está sendo dito pelos propagandistas.

A indústria farmacêutica já percebeu que para a introdução de determinado produto no mercado, é necessário associá-lo ao conhecimento e, à medida que a produção econômica passou a depender do valor “conhecimento”, legitimar produtos farmacêuticos por meio da pesquisa científica passou a ser questão crucial para a indústria. A partir daí, muito “conhecimento” revestido de “cientificidade” transformou-se em argumento estratégico de marketing de venda.

As estratégias de marketing têm passado pelo engendramento de doenças, incentivo à publicação de “artigos científicos”, enviesamento de resultados de pesquisas financiadas pela própria indústria, incluindo a não publicação de resultados desfavoráveis. Como consequência, isto também pode influenciar resultados de bons estudos científicos de revisão sistemática e metanálise realizados por pesquisadores idôneos. Estas estratégias de marketing se somam às já conhecidas propagandas agressivas e contínuas sobre “novíssimos” recursos terapêuticos, convencendo não só a população, mas muitos prescritores desatentos, cujas “canetas” alavancam a venda dos produtos.

O lobby da indústria e do comércio de produtos farmacêuticos com associações de portadores de doenças crônicas e o intenso trabalho de propaganda com os médicos, inclusive dentro das Universidades, fazem com que alguns considerem imprescindível o uso de medicamentos que acabaram de ser lançados no mercado. Em regra, esses produtos são de altíssimo custo, mas nem sempre são mais eficazes que outros de custo inferior, indicados para a mesma doença. Além do mais, os medicamentos mais recentes carecem de avaliação de segurança relacionada ao tempo de experiência com seu uso, ao contrário dos medicamentos que estão há mais tempo no mercado.

Ressalta-se, ainda, que uma avaliação mais cuidadosa revela que a maioria das chamadas “inovações farmacológicas” deriva, na verdade, de pequenas modificações em produtos já existentes. Assim, ao anunciar alguns “novos” medicamentos, a indústria farmacêutica reforça a ilusão de importantes avanços tecnológicos.

Dizer que interesses comerciais não devem influenciar as prescrições médicas é uma concepção consensual. A indústria farmacêutica existe para vender medicamentos, é difícil crer que sua presença nos consultórios não se cerque de tendenciosidades e desinformação.

Por isso, é preciso concentrar esforços para manejar conflitos de interesses. É necessária uma regulação mais rigorosa, com separação das atividades comerciais e científicas, além de uma profunda reavaliação da interação entre prescritores e indústria.

Por fim, não se trata de se desconsiderar os reais avanços científicos e tecnológicos, os quais precisam ser incentivados, nem mesmo de enfraquecer a importância dos estudos que avaliam eficácia, segurança e efetividade dos medicamentos, pois essas investigações são fundamentais! O desafio está em garantir que interesses econômicos não se contraponham a aspectos éticos e metodológicos ligados ao processo de produção do conhecimento, e que os profissionais de saúde, especialmente os médicos, reconheçam e evitem o marketing disfarçado de informação educativa.

Referências:

Angell, M. A verdade sobre os laboratórios farmacêuticos: como somos enganados e o que podemos fazer a respeito. 3ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2008.

Chieffi, A.L.; Barata, R.C.B. Ações judiciais: estratégia da indústria farmacêutica para introdução de novos medicamentos. Revista de Saúde Pública, 44(3):421-9, 2010.

Miguelote, V.R.S.; Camargo Jr., K.R. Indústria do conhecimento: uma poderosa engrenagem. Revista de Saúde Pública, 44(1):190-6, 2010.

Peres, G.; Job, J.R.P.P. Médicos e indústria farmacêutica: percepções éticas de estudantes de medicina. Revista Brasileira de Educação Médica, 34(4):515-24, 2010.

 

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Far too large a section of the treatment of disease is to-day controlled by the big manufacturing pharmacists, who have enslaved us in a plausible pseudo-science...
The blind faith which some men have in medicines illustrates too often the greatest of all human capacities - the capacity for self deception...
Some one will say, Is this all your science has to tell us? Is this the outcome of decades of good clinical work, of patient study of the disease, of anxious trial in such good faith of so many drugs? Give us back the childlike trust of the fathers in antimony and in the lancet rather than this cold nihilism. Not at all! Let us accept the truth, however unpleasant it may be, and with the death rate staring us in the face, let us not be deceived with vain fancies...
we need a stern, iconoclastic spirit which leads, not to nihilism, but to an active skepticism - not the passive skepticism, born of despair, but the active skepticism born of a knowledge that recognizes its limitations and knows full well that only in this attitude of mind can true progress be made.
- William Osler 1909