Políticas Farmacêuticas: a Serviçodos Interesses da Saúde?
José Augusto Cabral Barros
A regulamentação farmacêutica na Itália
As normas seguidas para o registro e autorização para comercialização
de novos medicamentos apresentam, no país, aderência aos ditames
comunitários, tendo como organismo responsável a Direzione Generale del
Servizio Farmaceutico do Ministerio dela Sanita (MdS).
Como alternativas para informação terapêutica independente para os
prescritores estão disponíveis tão somente o Dialogo sui farmaci, publicado
pelo Ministério da Saúde e o Informazioni sui Farmaci editado há oito anos
pelo Servicio di informazione e Documentazione Scientifica do Farmacie Comunali
Riunite. Este último está integrado à International Society of International
Drug Bulletins que congrega e incentiva a publicação de boletins independentes
em diferentes países. Editado bimestralmente, o boletim
conta com uma secção que pode ser acessada, livremente – La Bussola –
na qual se fazem avaliações críticas relacionadas a lançamentos recentes.
Persiste um grau de liberdade significativa em relação a algumas das
estratégias promocionais da indústria, como é o caso dos propagandistas,
havendo algum controle sobre a distribuição das amostras grátis. Quanto aos
53 Com um complexo proteínico com presumida atividade enzimática em sua fórmula, a Guardia Civil
desmantelou a rede de fabricantes que vendiam os produtos via Internet, fax ou telefone. Mesmo sem provas
de que sua composição venha a provocar efeitos adversos, se presume – como ressalta Nota informativa
emitida pela AgeMed – que alguns pacientes tenham chegado a substituir o tratamento convencional ou a
abandoná-lo, na suposição de efeitos terapêuticos não provados dos “medicamentos” clandestinos em
questão (Agemed, 2002).
eventos que recebem patrocínio dos produtores de medicamentos, os mesmos demandam aprovação prévia do MdS.
Ainda que na Itália, de igual forma que na Espanha, o conceito e a lista
de medicamentos essenciais não tenham uma expressão concreta, pode-se
constatar a presença de alguns elementos de um Programa de Medicamentos
Essenciais, a exemplo do Formulário Terapêutico Nacional. Em 2002, foram
tomadas iniciativas para incentivar o uso dos genéricos, ainda que a primeira
normativa referente a esse tipo de medicamentos data de 1996 (Lei 425, de
08.08.96).
Existem alguns instrumentos de controle da atividade promocional
dos produtores, e tal como já foi comentado, não há uma lista de medicamentos
essenciais, existindo, no entanto, uma lista de medicamentos reembolsáveis
total ou parcialmente por parte do Servizio Sanitario Nazionale. A
classificação dos medicamentos, (Lei 537, de 24.12.1993) compreende 4
classes (A, B, C, H) e tem suas normas estabelecidas pelo CUF (Commissione
Unica del Farmaco) do MdS. No grupo A, encontram-se medicamentos
100% financiados pelo sistema público de saúde; do Grupo B, fazem parte
os que gozam de 50% de financiamento; no Grupo C, se incluem os produtos
que não gozam de reembolso e, finalmente, no Grupo H, estão todos os
produtos de uso hospitalar e que são, totalmente, financiados54.